Imagem capa - Mais de 170 policiais cumprem 89 ordens judiciais, em 10 municípios gaúchos, na manhã desta sexta-feira; 18 pessoas já foram presas por A2 Representações

Mais de 170 policiais cumprem 89 ordens judiciais, em 10 municípios gaúchos, na manhã desta sexta-feira; 18 pessoas já foram presas



Uma operação da Polícia Civil desarticulou, na manhã desta  sexta-feira (26), organização criminosa que usava uma cela da  Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) como um verdadeiro  escritório para comandar roubos, clonagem e venda pela internet de  carros adulterados. O apenado Fernando Martins Marques, 41 anos, com 107  anos de condenação, é apontado como o líder do esquema.

A chamada Operação Errores investiga 22 pessoas, incluindo o sogro e a  esposa do detento. Ladrões e clonadores de carros, falsificadores de  documentos e os laranjas que emprestavam as contas bancárias para o  grupo também são alvo da ofensiva. Até as 7h40min, 18 haviam sido  presas.

Conforme o delegado Rafael Liedtke, um dos coordenadores da operação  na Delegacia de Roubos de Veículos do Departamento Estadual de  Investigações Criminais (Deic), apenas o preso teria lucrado mais de R$ 1  milhão com o esquema em dois anos. No período, a organização teria  negociado mais de 40 veículos roubados — 19 já foram recuperados.

Na manhã desta sexta, 175 policiais cumprem 89 ordens judiciais,  sendo 22 de prisão preventiva e temporária, 35 de busca, 30 de bloqueio  judiciais de contas bancárias e dois de restrição judicial para dois  veículos. Os mandados são cumpridos em Porto Alegre, Gravataí,  Cachoeirinha, Alvorada, Charqueadas, Sapiranga, Viamão, São Leopoldo,  Novo Hamburgo e Canoas.

De acordo com o delegado Marco Guns, também responsável pela  operação, os suspeitos são investigados por organização criminosa e  receptação qualificada (penas de até oito anos de prisão), roubo de  veículos (até 10 anos), clonagem, uso e falsificação de documentos  públicos (até seis anos) e estelionato (pena de até cinco anos de  prisão). Os nomes dos presos ainda não foram divulgados pela Polícia  Civil.

O esquema

Liedtke diz que o esquema tem subdivisões, com integrantes tendo  funções específicas, mas todos ligados ao preso da Pasc, à companheira e  ao sogro dele, moradores da Capital.

— A primeira vítima é a pessoa que tem o carro roubado e, depois, a  que tem placas clonadas. A última é a que compra um veículo adulterado e  percebe o golpe, assim como o prejuízo, só depois que vai fazer a  vistoria no Detran — explica o delegado.

Conforme a investigação, o preso Fernando Martins Marques e um  comparsa — que também é alvo da polícia — comandariam um grupo de  criminosos que se especializou apenas no roubo de carros à mão armada.  Eles eram selecionados pelo detento e atuavam em toda a Região  Metropolitana e no Vale do Sinos.

Após os crimes, os ladrões entregavam os veículos para os integrantes  da quadrilha responsáveis pela adulteração de sinais identificadores no  motor, chassi e vidro, além das placas. Outro grupo ficaria com a  responsabilidade de falsificar os documentos dos automóveis — tudo sob o  comando do preso.

Depois, os carros eram revendidos para outros criminosos ou para  receptadores, com valores sempre abaixo do preço de mercado. Parte dos  veículos era anunciada nas redes sociais, e o próprio preso montava os  anúncios e atendia ligações telefônicas ou enviava mensagens via  WhatsApp.